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A Hidra de Lerna


Criada sobre um plátano, junto da fonte Amimone, perto do Pântano de Lerna, na Argólida, a Hidra é figurada como uma serpente descomunal, de muitas cabeças, variando estas, segundo os autores, de cinco ou seis, até cem, e cujo hálito pestilento a tudo destruía: homens, colheitas e rebanhos. A Hidra, filha de Tiphon e Equidna, era uma besta metade mulher e metade serpente.

Hércules recebeu a incumbência de realizar doze trabalhos para que pudesse se redimir dos crimes cometidos. O segundo desses trabalhos consistia em vencer a Hidra, que vivia no pântano de Lerna, cujas águas eram insondavelmente profundas.

Hércules, ajudado por seu primo Lolao, que conduzia a carruagem em que estavam, foi guiado até a Hidra pela deusa Atenas.

Hércules forçou o monstro a emergir para a superfície lançando contra ela uma chuva de flechas, porém longe de lhe causar algum dano, só conseguia irritá-la. Após isso ocorreu então uma luta corpo a corpo. A Hidra se enroscou em torno do corpo do semideus, que tratava de esmagar as espantosas cabeças com seu bastão, mas cada vez que lhe cortava uma cabeça, via com assombro que do pescoço mutilado surgia duas ou três que imediatamente substituía a cabeça que havia sido cortada. Hércules pediu então ajuda para Lolao, que incendiou um bosque vizinho e com esse fogo queimava cada ferida onde Hércules decepava uma cabeça, evitando assim sua regeneração. Desta forma a Hidra foi totalmente morta.


Curiosidades

No seu sentido esotérico, a Hidra representa esses defeitos ou agregados psicológicos que carregamos dentro e que devem ser eliminados. O pântano profundo onde reside esse monstro mitológico nos remete à nossa própria mente, refúgio dos agregados psíquicos. As sete cabeças fazem referência aos sete pecados capitais estudados dentro do cristianismo e as mil cabeças citadas em outras versões são uma analogia aos milhares de defeitos psicológicos que derivam destes sete principais, ou seja, são incontáveis defeitos que carregamos em nosso interior, que somente mediante a técnica da auto-observação podem ser descobertos. Interessante observarmos que a cabeça somente era eliminada quando era queimada. Isto nos remete ao profundo simbolismo do fogo, sendo este indispensável para a nossa plena purificação e eliminação definitiva dos agregados psicológicos. É necessário um trabalho profundo sobre si mesmo para que essa morte psicológica ocorra. Mudanças superficiais não podem nos conduzir a verdadeira liberação.

Outra interpretação

A interpretação evemerista do mito é de que se trata de um rito aquático. A hidra com as cabeças, que renasciam, seria, na realidade, o pântano de Lerna, drenado pelo herói. As cabeças seriam as nascentes, que, enquanto não fossem estancadas, tornariam inútil qualquer drenagem.

A venenosa serpente aquática, dotada de muitas cabeças, é freqüentemente comparada com os deltas dos rios, com seus inúmeros braços, cheias e baixas. Consoante Paul Diel, a Hidra simboliza os vícios múltiplos, "tanto sob forma de aspiração imaginativamente exaltada, como de ambição banalmente ativa. vivendo nos pântano, a Hidra é mais especificamente caracterizada como símbolo dos vícios banais. Enquanto o monstro vive, enquanto a vaidade não é dominada, as cabeças, configuração dos vícios, renascem, mesmo que, por uma vitória passageira, se consiga cortar uma ou outra".

O Sangue da Hidra é um veneno e nele o herói mergulhou suas flechas. Quando a peçonha se mistura às águas dos rios, os peixes não podem ser consumidos, o que confirma a interpretação simbólica: tudo quanto tem contato com os vícios, ou deles procede, se corrompe e corrompe.



Fontes: Templo de Apolo, BRANDÃO,Junito de Souza.Ainda a primeira geração divina: filhos e descendentes.in:__________.Mitologia Grega, v1.18ª Ed.Vol 1.Rio de Janeiro/RJ:Vozes,2009.Cap. 10.p.243. gnosisbrasil
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