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Alexandre Magno - O Conquistador


Versão resumida


Alexandre III Magno ou Alexandre, o Grande, rei da Macedônia, filho do imperador Fellipe II da Macedônia e de Olímpia, princesa de Epiro, nasceu entre 20 e 30 de julho de 356 a .C, na região de Pella na Babilônia.

Alexandre, conquistador do Império Persa, foi um dos mais importantes militares do mundo antigo.

Na sua infância teve como tutor Aristóteles, que ensinou-lhe retórica e literatura, e estimulou seu interesse pelas ciências, medicina e filosofia.

No verão do ano 336 a.C., seu pai, Felipe II foi assassinado e Alexandre subiu ao trono da Macedônia, dando início à trajetória de um dos maiores conquistadores da História.

Alexandre destacou-se pelo brilhantismo tático e pela rapidez com que atravessava grandes territórios. Ainda que valente e generoso, era cruel quando a situação política assim o exigia. Cometeu alguns atos dos quais se arrependeu, como o assassinato de seu amigo Clito em um momento de embriaguez. Como político e dirigente, teve planos grandiosos. Segundo alguns historiadores, elaborou um projeto de unificar o Oriente e o Ocidente em um império mundial.

Acredita-se que cerca de 30 mil jovens persas foram educados na cultura grega e em táticas militares macedônicas, sendo aceitos no exército de Alexandre. Ele também adotou costumes persas e casou com mulheres orientais: Estatira ou Stateira, filha mais velha de Dario, e com Roxana, filha do sátrapa Bactriana Oxiartes. Além disso, subornou seus oficiais para que aceitassem mulheres persas como esposas.

Alexandre ordenou que após sua morte, as cidades gregas lhe adorassem como um deus. Ainda que provavelmente tenha dado a ordem por razões políticas, segundo sua própria opinião e a de alguns contemporâneos, ele se considerava de origem divina.

Para unificar suas conquistas, Alexandre fundou várias cidades ao longo de seus territórios, muitas das quais se chamaram Alexandria em sua homenagem. Essas cidades eram bem situadas, bem pavimentadas e contavam com bom serviço de abastecimento de água. Eram autônomas, mas sujeitas aos editos do rei. Os veteranos gregos de seu exército, bem como os soldados jovens, negociantes, comerciantes e eruditos, se instalaram nelas, levando consigo a cultura e a língua gregas. Assim, Alexandre estendeu amplamente a influência da civilização grega e preparou o caminho para os reinos do período helenístico e para a posterior expansão de Roma....


Toda a vida de Alexandre


Alexandre III, cognominado "o Grande", foi rei da Macedônia e em sua curta vida de 33 anos (356-323 a.e.c.), conquistou pelas armas boa parte do mundo conhecido.

Enquanto vivia, já começava a tornar-se lendário. Era filho do rei Filipe e da rainha Olímpias, mas cedo surgiu a crença de que o deus egípcio Amon seria seu verdadeiro pai. Alexandre tratou de aproveitar essa pretensa origem divina com fins políticos e militares;em numa moeda antiga, é representado com chifres de carneiro, um atributo de Amon.

Aos vinte anos, com a morte do rei Filipe, Alexandre assumiu o trono da Macedônia. Apostando em sua inexperiência, as cidades gregas, que se ressentiam da dura hegemonia de Filipe, revoltaram-se, como também outros povos, incluindo os trácios. Alexandre teve de usar a força para subjugá-los, em alguns casos; mas muitas vezes conseguiu impor-se através de uma hábil combinação de diplomacia e intimidação. Ganhou o apoio dos gregos para desafiar e dominar o Império Persa. Nunca satisfeito, prosseguiu através da índia, até que seus soldados se recusaram a ir mais adiante. Empreendeu, então, a longa e penosa viagem de volta, morrendo, porém, de causa desconhecida ao chegar à Babilônia. Durante sua ausência da Macedônia, deixara como regente um certo Antipater, a quem a lenda atribui a conspiração para matá-lo por envenenamento. Um grande herói só pode ser vencido por traição - como o folclore nos repete, por exemplo, com o rei Artur, morto pelo mesmo Mordred que ficara de regente ao sair o rei para a guerra. -51-

Alexandre se fazia acompanhar por um sobrinho de Aristóteles, Calístenes, com a missão de escrever a crônica de suas campanhas. Dos escritos de Calístenes, como também de registros feitos por generais de Alexandre, só nos chegaram fragmentos. As biografias de Alexandre que foram preservadas, embora com algumas lacunas, são de autores dos dois primeiros séculos da era comum: Plutarco, Arriano e Diodoro Sículo, em grego; Justino (resumindo texto perdido de Trogo) e Quinto Cúrcio, em latim. Esses textos gregos e latinos parecem respeitar a verdade histórica, apesar de certas liberdades, tais como o encontro de Alexandre com uma rainha das Amazonas.

Mas uma tradição separada, fundamentalmente lendária, iniciou-se no Egito, no terceiro século de nossa era, com o Romance Grego de Alexandre. Seu autor desconhecido é referido pelos especialistas como o "Pseudo-Calístenes", já que houve no passado quem atribuísse o livro a esse sobrinho de Aristóteles. Durante a Idade Média o livro foi traduzido para o latim, língua bem mais disseminada na época, e com isso contribuiu para espalhar a fama do herói por muitas regiões. Na França, inspirou o Roman d'Alexandre, cuja versão final (século XII) foi composta em versos de doze sílabas, por isso ainda hoje chamados "alexandrinos". É curioso notar que em algumas das primeiras versões do Roman d'Alexandre aparece, pela primeira vez em obra literária, a palavra "graal"- não ainda como o objeto mágico dos romances arturianos, mas como um simples prato largo ou travessa.

O relato de uma navegação fantástica, escrito entre 1100 e 1175, denominado Alexandri Magni Iter ad Paradisum (Jornada de Alexandre Magno ao Paraíso), fez o herói navegar ao longo do Ganges, que seus homens, cansados de tantas lutas, haviam-se recusado a transpor. O rio teria também o nome de Fison e sua nascente seria o Paraíso da Alegria. Encontrando um misterioso navio equipado com velas e remos, Alexandre embarcou com alguns de seus homens e seguiu até as portas desse Paraíso. As portas estavam fechadas, mas por uma janela um ancião lhe fez chegar uma pedra preciosa, de peso miraculoso: posta em um dos pratos de uma balança, nenhuma quantidade de ouro posta no outro prato podia fazê-la erguer-se, mas, ao ser coberta de poeira, uma simples pluma provava ser mais pesada do que ela. A gema representaria o olho de um homem com sua ambição jamais saciada mas que, uma vez sem vida e retornado ao pó, nada mais -52- valia. Era uma lição de moral, para que Alexandre desistisse de seus planos de conquista. Por uma coincidência notável, também isso contribuiu para uma outra versão do Graal, apresentada no Parzival do alemão Wolfram von Eschenbach, em que, em vez de ser uma travessa ou um cálice, o Graal é uma pedra maravilhosa de tamanho exíguo ("lapis exilis" em latim).

Alexandre foi discípulo de Aristóteles, que lhe inspirou uma ânsia de aprender tudo sobre todas as coisas. Passou a ter a dupla ambição de possuir o mundo e de explorar seus segredos. Plutarco lhe atribuiu a frase: "Preferiria sobrepor-me ao restante da humanidade pelo meu conhecimento do que há de melhor do que pela extensão de meu poder." Essa curiosidade, de fato uma de suas características, é levada ao extremo nas narrativas lendárias sobre sua expedição à índia, extraídas do Romance Grego de Alexandre, na maior parte, e do Roman d'Alexandre (o trecho das meninas-flores) para inclusão neste texto. Entre esses episódios sobre as maravilhas da índia há um que lembra a busca frustrada de Gilgamesh pela imortalidade, enquanto outros antecipam os feitos absurdos do Barão de Munchhausen e as aventuras fantásticas narradas por Jules Verne, um dos preconizadores da moderna ficção científica. -53-

Desembarcando das naves em que viajavam, Alexandre e seus homens passeavam pela beira da praia quando depararam com um caranguejo saindo do mar. Era do tamanho de uma couraça de guerreiro e cada pinça tinha uma braça de comprimento. Os homens tomaram das lanças e o mataram; foi preciso um grande esforço, pois o ferro não penetrava em sua carapaça e com as patas dianteiras ele partia as lanças. Quando afinal foi morto e retalhado, encontraram sob a carapaça sete pérolas das mais valiosas, como ninguém vira antes. Ao examiná-las, o rei imaginou que procediam das profundezas insondáveis daquele mar.

Mandou fabricar uma grande jaula de ferro e introduzir nela uma enorme tina de cristal, com uma espessura de dois codos e meio. Determinou que recortassem uma abertura na parte de baixo da tina, grande o suficiente para deixar passar a mão de um homem. Sua intenção era descer e verificar o que havia no leito daquele mar. A abertura ficaria vedada até atingir o fundo; então, faria uma fresta, enfiaria rapidamente o braço através dela para agarrar o que encontrasse -54- sobre a areia, e logo recolheria a mão, voltando a tapar a tina. Mandou fazer também uma corrente de 308 braças, que os homens usariam para içar a jaula, mas deu instruções para não puxarem até a corrente ser agitada por ele.

Quando tudo estava pronto, entrou na tina disposto a tentar o impossível. Com ele dentro, a entrada foi vedada com uma tampa de chumbo. Tendo descido 120 codos, um peixe que passava bateu na jaula com a cauda, e os homens a içaram porque sentiram a corrente sacudir. Da vez seguinte, sucedeu o mesmo. Na terceira tentativa, atingiu uma profundidade de 308 codos, e observou todos os tipos de peixe nadando em volta. Eis que chegou um, realmente enorme, e abocanhou a jaula e a levou com o rei dentro por mais de uma milha. Havia 360 homens nos quatro navios aos quais a jaula estava presa, e o peixe arrastou tudo consigo. Ao se avizinhar da terra firme, despedaçou a jaula e a tina com os dentes e atirou o rei na praia, ofegante e semimorto de pavor.

Alexandre ajoelhou-se e agradeceu à Providência do alto por tê-lo salvado da terrível besta. E disse a si mesmo:

- Alexandre, desiste de buscar o impossível, para que ao rastrear o abismo não percas a vida!

Em seguida, ordenou ao exército que levantasse acampamento e seguisse adiante.

Depois de dois dias de marcha, atingiram um lugar em que não brilhava o sol. Ali se situava a Terra dos Bem-aventurados. O rei queria ver e explorar essa região, acompanhado apenas de seus servidores pessoais. Mas Calístenes o aconselhou a levar quarenta de seus companheiros graduados, cem escravos e mil e duzentos soldados de confiança. Deixou portanto a infantaria, juntamente com os velhos e as mulheres, e levou somente soldados jovens, dando ordens para que nenhum velho seguisse com o grupo.

Mas havia um velho muito curioso, que tinha dois filhos soldados, moços valentes e leais, e lhes disse:

- Filhos, ouvi o conselho de vosso pai e levai-me convosco. Não me achareis uma carga inútil nessa jornada. No momento do perigo, o rei Alexandre terá necessidade de um velho. Se souber então que estou convosco, recebereis farta recompensa. -55-

- Pai, tememos as ameaças do rei. Se nos pega a desobedecer suas ordens, podemos ser privados não só de participar da expedição, mas até de nossas vidas. - Ajudai-me a cortar a barba e vestir outra roupa, de modo a mudar de aparência. Assim viajarei no meio do exército, e, no momento certo, serei de grande utilidade para vós.

Eles fizeram como o pai ordenara.

Após uma caminhada de três dias, chegaram a um lugar coberto de neblina. Incapazes de prosseguir, uma vez que não se viam nem estradas nem qualquer caminho, armaram as tendas. No dia seguinte, Alexandre reuniu mil homens armados e avançou com eles para verificar se ali era de fato o limite extremo da terra. Seguiram pela esquerda, pois esse lado estava mais iluminado, e caminharam por terrenos rochosos, cortados de ravinas, durante a metade do dia. Não vendo o sol, estimavam a passagem do tempo e a posição em que estavam pela distância percorrida. Mas acabaram voltando temerosos, ao atingir um ponto em que o caminho se tornou intransponível.

Tentaram então seguir pela direita. O terreno era mais plano, mas envolvido pela névoa e de uma escuridão impenetrável. Alexandre foi tomado de incerteza, visto que seus jovens companheiros o aconselhavam todos a não penetrar mais fundo por aquela região, com medo de os cavalos errarem o rumo e se desgarrarem nas trevas durante o longo percurso. Se assim acontecesse, não mais poderiam regressar. O rei lhes disse:

- Vós, tão bravos na guerra, percebeis agora que sem experiência e tino nada se faz direito! Se houvesse um velho entre nós, saberia aconselhar-nos sobre o modo de avançar por esta terra escura. Mas qual de vós é valente o bastante para voltar ao acampamento e trazer-me um veterano? Prometo que vai ganhar dez libras de ouro.

Ninguém se ofereceu para a missão; temiam partir, em meio àquela atmosfera opaca, para voltar ao longínquo acampamento no qual haviam deixado os que o rei não quisera levar na expedição. Então se aproximaram os filhos do velho soldado e falaram ao rei:

- Senhor, se nos escutas sem rancor, temos algo a dizer-te.

- Falai o que quiserdes. Juro pela Providência do Alto que não vos farei nenhum mal. -56-

E eles logo lhe contaram sobre o pai, e como o haviam trazido com eles; e correram a mostrá-lo diante do rei. Este o saudou calorosamente e lhe pediu que o aconselhasse. Respondeu o velho:

- Rei Alexandre, hás de compreender que, se os cavalos perderem o rumo, jamais verás de novo a luz do céu. Leva as éguas que tenham potros. E deixa os potros aqui enquanto segues avante a explorar esta terra, pois as éguas, por amor às crias, sem falta te trarão depois de volta.

Dentre as montarias foram encontradas apenas cem éguas com cria. Além delas, foram escolhidos cem cavalos, e mais alguns para transportar as provisões. Seguindo o conselho do velho, partiram deixando para trás os potros. Ele havia recomendado aos filhos pegar qualquer coisa que encontrassem no chão desde que entrassem na terra inexplorada, e guardar nas mochilas. Dos 360 soldados do grupo, os 160 que iam a pé foram destacados para ir na frente, e assim foram por umas quinze léguas. Chegaram a um lugar em que havia uma fonte cristalina, cuja água fulgurava como relâmpago. Existiam por perto outros mananciais, e o ar era perfumado e bem menos sombrio.

O rei sentiu fome e chamou seu cozinheiro, Andreas, e lhe ordenou:

- Prepara-me alguma comida.

Ele pegou um peixe seco e foi até a água cristalina para lavá-lo. Tão logo foi molhado na água, o peixe reviveu e escapou das mãos do cozinheiro! Este se espantou e não contou ao rei o que acontecera. Em vez disso, bebeu da água, e com ela encheu também um vaso de prata, que guardou consigo. Como o lugar estava repleto de outras nascentes d'água, Alexandre e os demais beberam delas, e não dessa fonte que dava vida ao que estava morto, e da qual somente o cozinheiro tivera a sorte de provar.

Depois de comer e beber, continuaram por cerca de 230 léguas. Viram então uma luz que não provinha do sol, nem da lua, nem das estrelas. Viram duas aves no ar, com rostos humanos, uma delas falando em grego:

- Por que, Alexandre, vens pisar em um solo reservado aos deuses? Vai embora, infeliz, vai embora! Não te é dado penetrar nas Ilhas dos Bem-aventurados. Retrocede, ó homem, anda na terra que te foi concedida e não te metas em buscas vãs! -57-

Estremecendo, o rei preparou-se para obedecer de imediato à advertência. A segunda ave falou, também em grego:

- O Oriente te chama, o reino de Porus será submetido a teu domínio!

Com estas palavras, as aves partiram voando. Alexandre orou para aplacar os deuses. Logo, puseram-se em marcha, tendo as éguas à frente. Estas, guiadas pelo chamado dos potros deixados no acampamento, conduziram-nos de volta em 22 dias. Muitos soldados vinham recolhendo coisas pelo caminho; mais do que os outros, os dois filhos do velho haviam enchido suas mochilas, conforme o pai lhes recomendara. Mal saíram da zona escura, com a luz do dia voltando a brilhar, perceberam que haviam trazido ouro puro e pérolas de grande valor. Houve então quem se arrependesse de não ter recolhido mais, e alguns de nem ter-se dado a esse trabalho. Todos congratularam o velho que dera tão bons conselhos.

Na saída das trevas, dispôs-se o cozinheiro a contar o que sucedera à beira da fonte. O rei desesperou-se e encheu-se de furia contra ele. Ainda assim, pensou em seu íntimo:

- De que te serve, Alexandre, lamentar o que passou?

O rei ainda não sabia que o cozinheiro bebera da água, nem que havia guardado um pouco, pois este só revelara o fato de o peixe seco voltar à vida. Mas, então, o cozinheiro chegou-se a Kale, filha de Alexandre com sua concubina Unna, e a seduziu em troca da água da imortalidade. Quando Alexandre ficou sabendo, foi tomado de inveja - como não deixou de admitir para si mesmo - da imortalidade deles. Chamou a filha e disse-lhe:

- Toma o que é teu e afasta-te de mim. Ao te tornares imortal foste convertida em divindade, e serás chamada Nereida por teres recebido da água a imortalidade.

Gemendo e chorando, ela se afastou e foi viver com outras divindades em lugares solitários. Quanto ao cozinheiro, o rei ordenou que lhe atassem ao pescoço uma pedra de moinho e o jogassem ao mar. Converteu-se em um ser divino, habitando em certo recanto do mar, que, por causa dele, passou a chamar-se Andreas.

Em face de todos esses acontecimentos, novamente Alexandre se pôs a pensar se este lugar seria realmente o confim último do mundo, onde o céu -58- toca a terra. Quis apurar a verdade. Com esse intento, mandou capturar duas aves que viviam ali. Eram grandes aves brancas, muito fortes mas mansas: não fugiam ao ver os homens. Alguns soldados haviam experimentado subir nas costas delas, e elas saíram voando com eles agarrados a seus pescoços. As aves alimentavam-se de carniça; por isso muitas freqüentavam o acampamento, atraídas pelos cavalos mortos.

Capturadas as duas aves, o rei determinou que não lhes dessem comida por três dias. No terceiro dia, mandou fabricar uma espécie de jugo de madeira, que lhes foi atado aos pescoços. Do couro de um boi foi feita então uma cesta, que foi amarrada ao jugo. Alexandre acomodou-se dentro da cesta, segurando duas lanças de sete codos de comprimento, cada uma com uma posta de fígado espetada na ponta. De imediato, as aves se precipitaram tentando alcançar as postas, e com isso alçaram vôo, subindo com o rei, até que ele achou estar perto do céu. A pele arrepiava-se e tremia por causa do frio extremo do ar, tornado mais gélido pelo vento causado pela batida das asas.

De repente, uma criatura voadora em forma de homem aproximou-se falando:

- ÓnAlexandre, tu, que tão pouco conheces das coisas da terra, pretendes explorar as do céu? Volta rápido para a terra, ou servirás de pasto a estas aves. Olha agora para baixo, Alexandre!

Ele olhou, um tanto aflito, e viu uma imensa cobra enroscada sobre si mesma, formando um anel em cujo centro se via um círculo. Do alto, o círculo parecia do tamanho de uma eira de debulhar trigo. O ser alado falou de novo:

- Para as aves te levarem de volta, aponta com tua lança para a eira, pois o que te parece ser uma eira é a terra. A serpente é na verdade o mar a circundá-la. Pelo desígnio da Providência do Alto, Alexandre regressou à terra, num ponto situado a sete dias de caminhada de seu exército. No final estava gelado e semimorto de exaustão. Encontrou por ali um dos símapas a seu comando. Obtendo dele uma escolta de trezentos cavaleiros, retornou ao acampamento, com a decisão de não mais tentar o impossível.

Alguns homens sábios do reino da índia vieram um dia falar com Alexandre, e lhe disseram: -59-

- Senhor, confia em nós que te conduziremos, com teus homens, a ver maravilhas em nossas florestas.

Alexandre lhes agradeceu e lhes deu mulas e rica equipagem para a viagem. Depois de longa marcha, viram-se diante de um vergel muito antigo, onde os ramos das árvores curvavam-se ao peso dos frutos e, cobrindo o chão, ervas preciosas exalavam um perfume que restaurava a saúde de qualquer enfermo. Debaixo de cada árvore havia uma jovem mulher de corpo delicado e olhos claros e sorridentes.

Ao cair da noite, elas se chegaram aos homens, cada uma escolheu um deles, sem receio. À vontade deles não se negavam, muitas vezes os repreendiam docemente se hesitavam. Quando eles sentiram fome, todas as iguarias, todas as frutas que podiam desejar lhes foram servidas sobre panos estendidos na relva. Por três dias folgaram nessa floresta.

No quarto dia, Alexandre avistou uma que era tão formosa como jamais vira, a pele macia da brancura da neve. Quis levá-la consigo e um de seus capitães a fez montar em uma mula. Ao ver que a levavam, ela se apavorou, desfaleceu mais de uma vez, olhou para Alexandre e lhe pediu mercê:

- Rei gentil, não me queiras matar, senhor honrado! Pois se me afasto da floresta, se passo além da sombra das árvores, morrerei na certa, tal é meu destino.

Alexandre a contemplou; era mais bela que uma fada, ainda mais pálida por ter chorado tanto. Com pena dela, mandou que a fizessem desmontar, recomendou-a à proteção de seus deuses. Ela se ajoelhou, demonstrou grande alegria ao ver-se livre e logo embrenhou-se na mata. Depois foi confabular com as outras e, às escondidas, puseram-se a acompanhar o exército que partia, dispostas a seguir os homens até o limite da sombra das árvores. Alguns soldados que as perceberam, seduzidos pela beleza delas, quiseram voltar - mas Alexandre os ameaçou de fazê-los arder na fogueira!

Chamou os velhos guias e os exortou a explicar a origem daquelas lindas criaturas. E eles, que bem sabiam sobre a natureza delas, disseram:

- Na entrada do inverno, para abrigar-se da friagem, elas todas penetram na terra e mudam de aparência. Quando volta o bom tempo, elas ressurgem, sob a forma de flores brancas. Por dentro das flores renascem seus -60- corpos, enquanto por fora as pétalas lhes servem de vestido. E tudo de que precisam lhes é dado sempre: basta sentir o desejo de manhã para receberem de tarde, antes de escurecer.

Admirava-se Alexandre com essas meninas-flores; em nenhuma parte do mundo encontrara alguém que lhe contasse tal prodígio. Mas os guias conheciam coisa ainda mais rara:

- Rei, temos para mostrar-te uma maravilha digna de ti. Iremos levar-te a umas árvores que falam com voz humana.

E assim o conduziram ao lugar em que se erguia o santuário do sol e da lua. Havia um posto de guarda e duas árvores semelhantes a ciprestes. Em forma de círculo, dispunham-se árvores de espécie parecida à que no Egito se chama mirobálano, produtoras de mirra; também os frutos eram semelhantes aos do mirobálano.

As duas árvores do centro do jardim podiam falar, uma com voz masculina e a outra com voz feminina. O nome da árvore masculina era Sol, e o da feminina, Lua. Eram chamadas muteamatos na língua local. Estavam envoltas em peles de diversos tipos de animais - mas somente peles de machos para a árvore masculina e de fêmeas para a feminina. Em sua vizinhança não era permitida a presença de ferro, bronze ou estanho, nem mesmo de argila de oleiro. Quando Alexandre perguntou de quais espécies de animais eram as peles, responderam que eram de leões e panteras. O rei quis saber mais sobre as árvores, e lhe disseram:

- Ao amanhecer, mal se ergue o sol, sai uma voz da árvore do sol, e sai de novo quando o sol está no meio do céu, e por uma terceira vez no momento do ocaso. Sucede da mesma forma com a outra árvore, conforme a passagem da lua.

Os que aparentavam ser sacerdotes acercaram-se de Alexandre.

- Entra, se és puro, e prosterna-te; assim ouvirás o oráculo. Mas deves saber que o ferro é proibido no santuário.

Alexandre ordenou que seus homens deixassem as espadas fora do local sagrado. Muitos deles o acompanhavam, e ele os mandou examinar toda a área. Também manteve junto a si alguns dentre os naturais da índia, para servirem -61- de intérpretes, e ameaçou queimá-los vivos se o sol se pusesse sem que soasse a voz do oráculo.

Nesse exato momento o sol se pôs. Uma voz vinda de uma das árvores fez- se ouvir, falando hindu. Os hindus em sua companhia se atemorizaram e não queriam traduzir as palavras. Alexandre os chamou à parte e eles então lhe confidenciaram a tradução:

- Rei Alexandre, cedo vais morrer pela mão dos teus.

Os que escutaram perturbaram-se ante o prodígio, mas Alexandre quis consultar de novo o oráculo. Movido pelas previsões do que lhe iria acontecer, expressou seu desejo de abraçar uma vez mais Olímpias, sua mãe. Quando a lua se ergueu, a árvore da lua falou em grego:

- Rei Alexandre, hás de morrer em Babilônia, pela mão dos teus, e não poderás retornar a tua mãe Olímpias.

Tomado de assombro, Alexandre quis recobrir as árvores com as mais finas grinaldas, mas os sacerdotes objetaram:

- Isso não é permitido. Mas, se quiseres impor tua vontade, faze como desejares, pois, quando um rei não ouve a lei, fica o dito por não dito.

Muito entristecido, Alexandre levantou-se na hora da alvorada. Com os sacerdotes, os companheiros e os hindus, voltou ao santuário. Depois de orar, adiantou-se ladeado por um dos sacerdotes e, colocando a mão sobre a árvore do sol, perguntou se lhe seria dado completar o curso inteiro de sua vida - era isso o que precisava saber. Quando o sol despontou e os primeiros raios tocaram no cimo da árvore, uma voz ressoou:

- O curso de tua vida está completo. Não regressarás à tua mãe, Olímpias, porque irás morrer em Babilônia. Pouco tempo depois, tua mãe e tua mulher serão cruelmente mortas pelos teus. Não perguntes mais sobre essas coisas, pois nada mais ouvirás.

Muito angustiado ao escutar estas palavras, Alexandre partiu da índia, seguindo para a Pérsia.

Concebeu então o desejo de ver o renomado palácio de Semíramis. O país era governado por uma mulher de notável beleza e idade madura, a rainha Candace de Méroe. Alexandre e Candace trocaram cartas. Ela ouvira contar como Alexandre tinha derrotado os reis mais poderosos, e quis saber mais -62- sobre ele. Chamou um de seus cortesãos, um pintor grego, e mandou que fosse aonde estava Alexandre e pintasse seu retrato disfarçadamente. Ele assim fez; Candace recebeu o retrato e o guardou em lugar secreto.

Pouco tempo depois, um filho de Candace, de nome Candaules, que viajava acompanhado de uns poucos cavaleiros, foi atacado pelo rei dos bébrices. Levando a pior, Candaules buscou refugiar-se no acampamento de Alexandre. Vendo-o aproximar-se das tendas, as sentinelas o prenderam e trouxeram a Ptolomeu Soter, que era o segundo em comando. Ptolomeu indagou:

- Quem és e quem são teus companheiros?

- Sou filho da rainha Candace.

- A que vieste?

- Seguia meu caminho, com minha mulher e pequena tropa, para participar dos mistérios anuais no país das amazonas. Mas o rei dos bébrices viu minha mulher e nos assaltou com grande contingente, raptando-a e matando a maior parte de meus soldados. Estou voltando para reunir uma força maior para invadir a terra dos bébrices.

Ouvindo isso, Ptolomeu dirigiu-se a Alexandre, que no momento dormia, acordou-o e contou-lhe o que escutara do filho de Candace. Alexandre ergueu-se de pronto, tomou da coroa e a pôs na cabeça de Ptolomeu, colocou seu manto sobre os ombros dele e disse:

- Senta-te no trono como se fosses Alexandre e diz a um servidor:"Vai chamar Antígono, capitão de minha guarda pessoal." Quando eu mesmo vier, fingindo ser Antígono, conta-me exatamente essa história e dize: "Dá-me teu conselho sobre o que deveremos fazer."

Assim foi que Ptolomeu tomou lugar no trono, vestido com os trajes régios. Ao vê-lo, os soldados perguntavam admirados uns aos outros o que pretenderia Alexandre desta vez. Mas quando Candaules viu Ptolomeu com os paramentos reais e supôs estar diante de Alexandre, receou que ele estivesse em vias de mandá-lo executar. Sem demora, Ptolomeu ordenou:

- Chamai Antígono, capitão de minha guarda.

Alexandre compareceu e Ptolomeu foi dizendo:

- Antígono, este é um dos filhos da rainha Candace. Sua mulher foi seqüestrada pelo rei dos bébrices. O que me recomendas fazer? -63-

- Aconselho-te, ó rei Alexandre, que armes teus homens e faças guerra aos bébrices, a fim de resgatar a mulher deste homem, e que a devolvamos a ele em sinal de respeito à rainha.

Candaules ficou deleitado ao ouvir isso. Ptolomeu concluiu:

- Se é assim que pensas, ó Antígono, podes agir tu mesmo, como chefe de minha guarda. Trata de organizar a expedição.

Tais foram as "ordens" que Ptolomeu, posando como Alexandre, deu ao falso Antígono. Este apressou-se a atingir em um só dia de marcha a cidade do rei dos bébrices. Lá chegando, disse a Ptolomeu que também os acompanhava:

- Rei Alexandre, não deveríamos atacar de dia; senão, se o rei deles nos avistar, pode querer matar a mulher de Candaules. Deixemos para invadir a cidade à noite, e vamos atear fogo nas casas. O próprio povo se revoltará e nos entregará a mulher. Afinal, não lutamos para conquistar o reino, mas sim para reavê-la.

Nesse ponto, Candaules se atirou aos pés de Antígono, exclamando:

- Como és avisado, Antígono! Ah, se fosses Alexandre, e não apenas seu capitão da guarda!

Chegada a noite, entraram na cidade com todos dormindo e tocaram fogo nos subúrbios. Enquanto os moradores acordavam e indagavam sobressaltados a causa do incêndio. Alexandre mandou anunciar em alta voz:

- Eis aqui o rei Candaules com um grande exército, que vos manda devolver-lhe a esposa antes de queimar a cidade inteira!

Diante do assédio, a multidão numerosa irrompeu contra o palácio e forçou os portões. Arrancaram a mulher do leito do rei e a devolveram a Candaules - e mataram o tirano.

Candaules, cheio de gratidão pelo sucesso do plano astuto de Antígono, abraçou-o e disse:

- Entrega-te confiante a meus cuidados e te levarei à minha mãe Candace, para que ela te dê presentes dignos de um rei.

Alexandre alegrou-se e replicou:

- Pede a Alexandre permissão para que eu te acompanhe. Gostaria muito de visitar teu país. -64-

Foram à presença de Ptolomeu que, sempre no papel de Alexandre, respondeu a Candaules:

- É meu desejo enviar a tua mãe uma carta de saudação. Leva pois Antígono, como meu mensageiro, e cuida de depois fazê-lo voltar a mim em segurança, do mesmo modo que agora dou permissão a ti e a tua esposa para regressardes sãos e salvos à corte de tua mãe.

- Majestade, assumo responsabilidade total por este homem, como se fosse Alexandre em pessoa, e o devolverei a ti carregado de presentes régios.

Partiram, com numerosa escolta, vagões e animais de carga, transportando muitos presentes. Ao longo do caminho. Alexandre contemplava admirado as montanhas maravilhosas do País de Cristal, que atingiam as nuvens, e as folhagens das altas árvores cobertas de frutos; eram estranhas, bem diferentes das existentes na Grécia. Havia macieiras que resplandeciam como ouro, pesadas de frutos parecidos com os limões gregos; havia videiras com uvas enormes; havia nozes, tão grandes como melões. Os macacos eram do tamanho de ursos, e viam-se outros animais, de cores variegadas e formas exóticas. Candaules comentou:

- Antígono, este lugar é considerado como morada dos deuses. Continuando a viagem, acabaram chegando ao palácio. Vieram saudá-los a rainha e um irmão de Candaules. Ao se adiantarem para abraçar Candaules, este os deteve:

- Não me abraceis até que tenhais saudado meu salvador e benfeitor de minha mulher: Antígono, mensageiro do rei Alexandre.

- De que te salvou ele?

Candaules descreveu o rapto da esposa pelo rei dos bébrices e a ajuda proporcionada pelo mensageiro real, que então recebeu o abraço do irmão de Candaules e de Candace. Logo, um magnífico banquete foi servido no palácio.

No dia seguinte, apresentou-se Candace com todo o brilho, portando na cabeça o diadema real. Era de altura bem acima do usual, de aparência quase divina, lembrando a Alexandre sua própria mãe Olímpias. Com a rainha, Alexandre percorreu o palácio refulgente, contemplando os tetos dourados e as paredes de mármore. Panos de seda com requintadas aplicações de ouro -65- cobriam os leitos, cujos pés eram dourados. Até as tiras que envolviam os colchões levavam ouro. As mesas eram incrustadas de marfim, e havia colunas em estilo persa, com capitéis de ébano. Havia incontáveis estátuas de bronze, carros de combate puxados por cavalos a galope, tão naturais que pareciam vivos, assim como carros esculpidos em pórfiro; havia elefantes lavrados na mesma pedra, pisoteando os inimigos e fazendo rolar os adversários com as trombas; havia templos inteiros, com suas colunas e tudo mais talhados de um só bloco. Alexandre se maravilhava com o que via.

Mais tarde, comeu com os irmãos de Candaules. Este pediu à mãe que desse ao mensageiro dádivas à altura de sua audácia e inteligência, antes de despachá-lo de volta.

No terceiro dia, Candace tomou Antígono pela mão e foi mostrar-lhe quartos de paredes feitas de uma pedra transparente, através das quais era possível acompanhar a subida do sol. Mostrou-lhe uma sala revestida de madeira imperecível, e também uma casa que não se assentava no solo, mas erguia-se sobre quatro gigantescas colunas quadrangulares e podia deslocar-se sobre rodas, puxada por vinte elefantes. Os reis a usavam como moradia quando saíam a guerrear. Disse Alexandre a Candace:

- Todas essas coisas seriam admiráveis se fossem encontradas entre os gregos, mas não neste país. Pois aqui, como observei pelo caminho, as montanhas fornecem de sobra os mais variados tipos de pedras de qualidade.

Candace reagiu, contrariada:

- Dizes bem, ó Alexandre!

Ao ouvir que ela o chamava pelo nome verdadeiro, protestou:

- Sou Antígono, senhora; mensageiro do rei Alexandre.

- Sim, podes ser Antígono se quiseres, mas não para mim. É so rei Alexandre, e agora verás como pude reconhecer-te.

Levando-o pela mão, conduziu-o a seu quarto. Ali lhe mostrou o retrato dele que mandara pintar.

- Não reconheces tua imagem?

Ele se perturbou ao ver-se retratado e estremeceu.

- Por que tremes, Alexandre? Por que te inquietas tanto? Tu, o vencedor dos persas, o destruidor dos hindus; tu, que conquistaste troféus dos medas -66- e partas e subjugaste todo o oriente, agora - sem uma só batalha - caíste em poder de Candace! Fica pois sabendo, Alexandre, que por mais esperto que seja um homem, alguém haverá de ultrapassá-lo. Desta vez a astúcia de Candace superou até a inteligência de Alexandre.

Alexandre, agoniado, rangia os dentes.

- Ranges os dentes? Ora, que podes fazer? Tu, que chegaste a ser tão grande rei, dominado agora por uma única mulher!

Alexandre se preparava para golpear a rainha com a espada e suicidar-se em seguida.

- Este seria um gesto nobre e digno de um rei. Mas não te angusties, Alexandre, meu filho. Como salvaste Candaules e a mulher, quando cativa dos bébrices, salvarei a ti destes que denominas bárbaros. Se descobrissem que és Alexandre, eles te matariam de imediato, pois mataste Porus, rei dos hindus - e pai da esposa de meu filho mais moço. Portanto, continuarei a chamar-te de Antígono, mantendo teu segredo.

Após estas palavras, Candace saiu com Alexandre, e foram ter com os familiares dela.

- Candaules e Harpisa, meus filhos, se não tivésseis encontrado o exército de Alexandre no momento certo, eu nunca vos veria de novo, nem tu, Candaules, terias recuperado tua mulher. Recompensemos o mensageiro de Alexandre dignamente e ofereçamos nossos presentes.

Então o filho mais moço interpôs:

- É fato que Alexandre salvou meu irmão e a esposa, mas minha mulher ainda lamenta a perda de Porus, seu pai, assassinado por Alexandre. Ela quer ver Antígono executado, este mensageiro real que agora tens em tuas mãos!

- De que te adiantaria, meu filho? Matando este homem contas com isso vencer Alexandre?

Candaules interrompeu, voltando-se para o irmão:

- Ele salvou a mim e a minha mulher, e eu o farei voltar a salvo para junto de Alexandre. Será que teremos de lutar um com o outro por causa deste homem?

- Não é este meu desejo, irmão. Mas se é o que queres, estou pronto para enfrentar-te! -67- Com isso, saíram para travar um combate corpo a corpo.

Candace angustiou-se ao ver os filhos dispostos a lutar. Tomou Alexandre à parte e lhe disse:

- És um homem sagaz e já tramaste muitos estratagemas. Não acharias um meio de evitar que meus filhos se batam?

- Darei um jeito para que façam as pazes.

Foi colocar-se entre os dois.

- Agora ouvi, Thoas e Candaules: se me matais aqui, pouco se importa­rá Alexandre, porque sou Antígono e mensageiros como eu não são de grande valia militar. E Alexandre tem mensageiros de sobra. Por outro lado, se quiserdes por meio de mim aprisionar Alexandre, prometei dar-me presentes. Juro que, assim como estou aqui, induzirei Alexandre a também vir a vossa presença, sob o pretexto de que desejais entregar-lhe em pessoa as dádivas preparadas para ele. Então, quando tiverdes o inimigo em vosso poder, podereis vingar-vos dele à vontade.

Os irmãos acreditaram nele e se abraçaram. Candace ficou extasiada diante da esperteza de Alexandre.

- Antígono, desejaria que fosses meu filho, pois então eu lograria conquistar todas as nações. Não foi pela força das armas que venceste tantos inimigos e dominaste tantas cidades, mas por tua argúcia.

Alexandre muito se alegrou ao ser honrado desta maneira pela rainha, que continuou guardando firmemente o segredo. Dez dias depois ele partiu.

Candace lhe deu presentes régios, entre os quais uma valiosa coroa de diamantes, uma couraça decorada com pérolas e berilos e um manto de púrpura com enfeites de ouro que tremeluziam como estrelas. Fez seguir com ele, como escolta, um numeroso contingente da própria guarda. -68-

Especulações

Por ter morrido ainda jovem e sem derrotas, muito se especula sobre o que teria acontecido se tivesse vivido mais tempo. Se tivesse conduzido suas forças numa invasão das terras a oeste do Mediterrâneo, provavelmente teria alcançado sucesso, e, nesse caso, toda a história da Europa ocidental poderia ser completamente diferente.


Fontes: Templo de Apolo, Só História, Greek Mithology, Mitologia Grega Online



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