Indra, também conhecido como Sakra, Saudharmendra, Phra In, Indara, Indera, Indrudu, Inthiran, Dishitian e Taishakuten, é o Deus Hindu das tempestades, dos relâmpagos, da chuva, do clima, das estações, do ar, da guerra, da soberania, da fertilidade, da bebedeira, da dança, da felicidade e do céu. Esposo de Shachi, seu nome significa Pura Beleza. Por vezes é retratado como filho de Aditi, Deusa do Céu, com o sábio Kasyapa ou como filho da Deusa da terra Prthivi e do Deus do céu Dyaus Pita e, assim, irmão de Agni. Em algumas outras versões Indra é o pai de Prthivi e Dyaus, o que foi o motivo para o início do esquecimento do culto dessas duas deidades por Indra assumir seus atributos. Seus filhos com Shachi foram: Jayanta, Midhusa, Nilambara, Rbhus, Rsabha, Sitragupta e o famoso Arjuna.
A história conta que Indra nasceu totalmente adulto e pronto para a batalha e que antes de se tornar o governante dos Deuses teve que vencer o asura (demônio) Vritra, pois o demônio, tomando a forma de um dragão, havia absorvido toda a água do mundo e com isso a vida estava se deteriorando no planeta. Então, Indra tomou uma grande quantidade de Soma (bebida ritual e sagrada do hinduísmo) fazendo com que sua força triplicasse lhe dando a capacidade de lutar adequadamente com seu inimigo. Com isso, Indra conseguiu destruir as 99 fortalezas de Vritra e, após partir o inimigo ao meio, a água finalmente voltou a jorrar para a terra em forma de chuva. Depois disso, todos proclamaram Indra como o Rei supremo dos Deuses.
Após esse grande feito, Indra decidiu refazer seu palácio celestial tornando-o grandioso em magnificência e esplendor, porém, chegou um momento em que sua ambição começou a ser tão grande que seu arquiteto principal foi até Brahma reclamar e pedir ajuda para fazer Indra voltar ao seu juízo perfeito. Brahma prometeu ajuda-lo e, juntamente com Vishnu, foram ao palácio do Rei dos Deuses conseguindo fazer Indra voltar a si depois de vários discursos sobre a humildade e um ensinamento sobre os Indras seus sucessores. Indra então se tornou um asceta e foi para as montanhas para redenção, ao passo que sua esposa teve com Brahma clamando que o Criador trouxesse seu marido de volta. Brahma, portanto, foi novamente ao encontro dele para lhe ensinar que cada um tem um papel a cumprir no grande destino da vida e que Ele poderia ser um grande guerreiro e também um Rei humilde. Com isso Indra retorna ao seu palácio e aos seus afazeres de Rei dos Deuses como um Deus mais poderoso e humilde.
Indra era a divindade mais respeitada, contudo, seu culto foi suplantado pela Trimurti védica (Brahma, Vishnu e Shiva) e com isso perdeu proeminência tornando-se apenas o Rei dos Deuses Menores, tanto que em algumas versões mais recentes Ele é retratado como vingativo e covarde e que conseguiu sua vitória apenas com o auxílio de Vishnu e Shiva. Há uma história que conta da fúria de Indra por ter perdido seus adoradores para Krishna e que, com isso, tentou puni-los com uma grande tormenta, mas que Krishna protegeu os fieis ao erguer uma montanha como uma barreira entre eles e Indra. Ainda assim, sua força é tão grande que Ele é a divindade mais citada em todos os escritos sagrados do hinduísmo, haja visto que um total de 250 hinos do Rig Veda são dedicados exclusivamente a Ele.
É importante notar também a complexidade da figura de Indra, pois além de ser visto como uma deidade Ele também é visto como um cargo, um posto que um mortal detêm e pode adquirir. A lenda conta que se um devoto realizar 1.000 sacrifícios ou penitências de Ashwamedha (em que se oferecia um cavalo para expiar os pecados) aos deuses antigos ele ascende aos céus como o novo Indra e como esposo de Shachi (também chamada de Indrani - a esposa de Indra). Por este motivo, conta-se que o velho Indra sempre observa os humanos para que ninguém consiga atingir a marca dos 1.000 sacrifícios e assim destrona-lo, porém, um novo Indra sempre consegue atingir seu feito e substituir o antigo reinado por um novo, fazendo assim com que o universo mantenha-se e se sustente até o momento de Shiva destruir o antigo mundo e Brahma criar um novo. Inicialmente Ele era visto como uma divindade solar, visto que faz parte das doze divindades que compõe os Aditya: divindades solares que são considerados como descendentes da Deusa do Céu Aditi.
Com o passar dos tempos, seu retrato como o Deus que Brande o Raio foi o que permaneceu no imaginário da sociedade e seu encargo como divindade solar foi sendo esquecido. Indra cavalga os céus em uma carruagem dourada e é adorado no festival de Indrajata, onde Seus adoradores fazem procissões com máscaras, danças, luzes e criam uma imagem de barro de Indra jogando-a ao rio clamando por chuvas. Ele é frequentemente representado com uma pele bem avermelhada (por vezes marrom ou amarela) tendo quatro braços, ou dois muito longos, segurando a Vajra (Parafuso Relâmpago) que é sua arma principal, além do arco, a rede e um gancho, cavalgando o grande elefante branco Airavata de quatro chifres ou o cavalo branco Uchchaihshravas. Um de seus símbolos mais conhecido é o lótus.
Seu poder é tão imenso que é capaz de ressuscitar os mortos em batalhas, mover seu palácio celestial para onde quiser e de colocar ordem no universo, uma qualidade compartilhada apenas com o Deus Brahma. Seu mantra é Om Indraya Namah.
Indra também possui 1.000 olhos ao redor do corpo e há um mito que explica esse fato. O sábio Gautama (Buda) havia criado a mulher mais bela de todas e Indra havia se apaixonado por ela. Quando não conseguia mais suportar ficar sem tê-la Ele enganou o Gautama fazendo-o sair de casa e fez amor com a mulher, mas Gautama pressentindo algo ruim O pegou fazendo amor com sua esposa. Então, este proferiu que já que Indra gostava tanto de mulheres, que 1.000 vaginas crescessem pelo seu corpo. Envergonhado, Indra não aparecia mais em público e com isso deixou de cumprir com Suas obrigações e, por isso, Brahma intercedeu por Indra junto a Gautama e este disse que as vaginas se transformassem em olhos para que Ele sempre se lembrasse de observar aonde suas ações o levavam.
É um dos deuses mais adorados no Oriente, pois Ele ultrapassa as fronteiras do hinduísmo e se assenta em outras grandes religiões como tendo papel muito importante, dentre elas: Zoroatrismo, Budismo e Taoísmo. No Japão é conhecido como Taishakuten, por exemplo. Mas, diferentemente dos deuses greco-romanos que são vistos como divindades distintas, por exemplo, Vênus é Vênus e Afrodite é Afrodite, mas que as unem em uma única figura (sincretismo religioso), Indra e Taishakuten não são deuses diferentes. Ele é uma divindade que, por ser tão respeitada, é adorada em várias religiões distintas apenas com nomes locais diferentes. Sua importância é tão grande que arqueólogos encontram na figura de Indra uma possível origem para os deuses Triptólemo e Dionísio, na Grécia.
Existe também uma relação de Indra com o Deus Sakra no budismo, onde alguns autores afirmam que são divindades distintas e que Indra sincretizou parte do mito de Sakra, onde um antigo Sakra é destituído do poder por outro mais jovem e puro. Outras grandes divindades que são relacionadas a Indra, são os Deuses Zeus, Júpiter e Thor. É interessante como Indra consegue agir na vida de um adepto, pois enquanto o devoto trabalha para desenvolver seus conhecimentos e sua conexão com a divindade Indra o auxilia em tudo. Porém, a partir do momento que Indra percebe que o adepto está se desenvolvendo o suficiente para atingir um novo estágio, evoluir de um ponto a outro em sua caminhada, ele começa a criar barreiras e obstáculos para que o buscador não consiga acessar um novo mistério.
Por isso podemos entender também como sendo um trabalho do Indra deus assim como do Indra interior, pois esses obstáculos/barreiras são boicotes ocasionados pelo próprio aspirante que, em conexão com a divindade, não quer ver seu "reinado" ser suplantado por outro. Indra é uma divindade muito antiga e, assim como toda divindade, é antropomórfica. Desta forma, se você não consegue entende-lo em sua total extensão e complexidade, corre o perigo de cair sobre o domínio negativo do deus e não conseguir continuar com sua caminhada. E, claro, isso não deve ser visto como algo ruim, mas como um teste que o próprio Deus nos impõe para termos a certeza se estamos prontos e preparados para seguir adiante rumo ao desligamento da Samsara.