Durante a primeira dinastia babilônica (c. 2057-1758 a.e.c.), Marduk era o deus supremo e a mais importante divindade babilônica. Ele era filho do senhor da água, Lia, e foi ele quem criou o universo e tudo que nele há. A estória da criação e de sua luta com Tiamat foi encontrada entre as ruínas da biblioteca do rei Assurbanipal em Nínive, que datam de cerca de 650 a.e.c. No entanto, fragmentos de textos anteriores sugerem que o fim da estória é baseado na crença de que os deuses criaram os humanos para serem seus escravos. A estória posterior foi provavelmente uma peça de propaganda para preservar o poder de Marduk e seu alto status na Babilônia. Os babilônios afirmavam que a cidade foi criada pelos deuses especialmente para ele. Como deus supremo, Marduk poderia assumir o papel de qualquer deus, e ele passou a ser identificado com o Sol, o planeta Júpiter e com poderes equivalentes aos de Sin, deus da Lua.
Algumas pessoas acreditavam que Marduk sustentava o universo quando estava sentado em seu trono; se por acaso se levantasse, as estrelas começariam a se mover de trás para a frente e Tiamat retornaria à Terra e destruiria todos os seres vivos.
Marduk é um deus babilônio, que, depois de ter criado o mundo, ergue o seu templo, o Esagil, na cidade da Babilónia. A partir do II milênio, torna-se o soberano incontestado do universo e da vida, tendo ocultado mais ou menos An e Enlil. Um hino em honra de Marduk evoca esta simbiose dos grandes deuses: «Sin é a tua natureza divina, An o teu carácter real, Adad a tua força, Enki, o sábio, a tua inteligência.» O templo de Marduk na Babilônia, o Esagil, é um vasto complexo que engloba, além da residência do deus e da sua companheira, um enorme zigurate - construção de vários pisos, que foi identificada com a torre de Babel - e muitos outros templos consagrados a divindades. Na Babilônia, o ritual das cerimônias em honra de Marduk, o Akitu, serve para fortalecer a relação entre os deuses e a comunidade dos homens e, especialmente, para renovar a vassalagem do rei a Marduk, protetor da Cidade.
As festas desenrolam-se no início do ano babilônio, por volta do mês de março ou de abril. Duram pelo menos 13 dias, durante os quais alternam desfiles, orações, oferendas, purificação do templo, banquete, viagem dos deuses em uma barca e vários sacrifícios; as festividades terminam com a leitura pública do Enuma Elish em frente à estátua do deus. No quarto dia do ritual, o rei é arrastado pelas orelhas diante da estátua do deus e, depois, fisicamente maltratado pelo sumo-sacerdote. Se o rei verter lágrimas, é um bom presságio. Marduk perdoou-lhe as faltas e a Cidade gozará de um ano de prosperidade. Marduk é representado com grandes orelhas, que revelam a sua inteligência e a qualidade da sua audição, armado com uma espada com a qual abate um dragão, recordando a sua vitória sobre Tiamat.
A distribuição dos papéis entre os Anunnaki e os Igigi é muito complexa, porque, em certas narrativas, os Igigi são os deuses inferiores e os Anunnaki são os grandes deuses. No mito da descida de Inanna aos Infernos, os Anunnaki têm a função de juizes dos Infernos, tal como sucede na Epopeia de Cilgamesh. No Enuma Elish, Marduk fixa em 600 o número de deuses. Depois, divide-os em dois grupos: os 300 Igigi reinam nos céus e os 300 Anunnaki sobre a terra. Seja como for, as decisões eram tomadas pelo conselho de Anunnaki, supervisionado por An e, mais tarde, por Enlil.