Quetzalcoatl - Deus do Vento e do Espírito da Vida
- M Galasky
- 4 de dez. de 2021
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Existem várias histórias diferentes sobre Quetzalcoatl, deus do vento e do espírito da vida na mitologia asteca. Irmão de Tezcatlipoca em algumas narrativas, e gêmeo de Xolotl em outras, era filho da Mãe Terra. Foi transformado em uma serpente e rasgou a Terra em pedaços e depois a recriou, após a raça humana ter sido extinta. Isso iniciou o quinto ciclo da criação ou "Quinto Sol". Como no ciclo anterior os deuses tinham-se esquecido de dar aos humanos o poder de reprodução, Quetzalcoatl desceu ao Mundo Inferior para recolher todos os ossos dos mortos. Ele os reduziu a pó, embora alguns contos digam que a deusa da fertilidade Cihucoatl fez isso por ele, e, então, misturou o pó com seu próprio sangue, e também com o de Tezcatlicopa, e soprou vida nas formas modeladas.
Como um deus protetor da humanidade, Quetzalcoatl ensinou-lhe a escrita, a música, a agricultura e a medição do tempo. Estava permanentemente em guerra com Tezcatlipoca, que acabou enganando Quetzalcoatl e levou-o a se embebedar, mostrando-lhe o seu reflexo mau no espelho fumegante. Quetzalcoatl, acreditando que era seu próprio reflexo, achou-se vil, lascivo e beberrão e, profundamente envergonhado, partiu para o exílio auto-imposto. Alguns dizem que ele construiu uma fogueira e, vestido com sua melhor plumagem, adentrou as chamas.
Ele subiu ao céu como um pássaro quetzal ou, segundo outros, tornou-se a Estrela Matutina. Acreditava-se que um dia ele iria voltar.
Quetzalcoatl apresenta-se com muitos aspectos diferentes - tanto humanos como divinos - e tem sido associado ao Rei Artur e a Jesus Cristo. O seu nome deriva de duas palavras: quetzal, um belo pássaro com penas verdes, das montanhas da América Central, e coatl que significa serpente. É predominantemente representado como "A serpente emplumada", uma criatura que liga a Terra ao Céu. O templo de Quetzalcoatl é uma das mais magníficas construções da antiga cidade de Teotihuacan.
O símbolo de Quetzalcoatl é a concha, o que tem associações com o vento e o mar.
Considerado como sendo uma reincarnação de uma antiga divindade tolteca, Quetzalcoatl está também ligado ao deus maia do vento, Gucumatz (Kukulcan) e ao deus asteca do vento Ehecatl. Ele é também o Tezcatlipoca Branco, criador e dirigente do Segundo Sol, o Sol do Ar. A lenda chega mesmo a transformar a figura de Quetzalcoatl em um personagem histórico da vida real, Topiltzin, um rei tolteca piedoso e visionário, do século x, que aboliu o ritual do sacrifício humano.
O Criador Piedoso
Após o Quarto Sol ser destruído, era responsabilidade de Quetzalcoatl criar uma nova raça de seres humanos.
Acompanhado por Xolotl, o seu irmão gêmeo com cabeça de cão, Quetzalcoatl fez a viagem até Mictlan, o Submundo, e apanhou os ossos das pessoas que se tinham afogado no dilúvio.
O Senhor do Submundo, Mictlantecuhtli não ficou satisfeito, pois queria guardar os ossos para ele e, assim, mandou as suas nojentas codornizes de estimação expulsarem Quetzalcoatl e Xolotl. Quando Quetzalcoatl deixou cair os ossos, partindo-os em mil pedaços, ficou desanimado.
Mas a velha deusa serpente, Cihuacoatl, veio dar uma ajuda. Apanhou os ossos partidos e meteu-os numa taça de jade.
Quetzalcoatl juntou-lhes com sangue e formou os primeiros seres humanos do Quinto Sol.
Finalmente, a população humana cresceu tanto que a comida rareava.
Então Quetzalcoatl teve necessidade de arquitetar um plano para a alimentar.
Um dia, Quetzalcoatl estava observando uma formiga que saía de uma rocha carregada com um grão de milho. Ele nunca tinha visto milho e, quando o provou, achou que seria a comida ideal para as pessoas. Não tardou a descobrir que havia imensos grãos de milho por baixo da rocha, então se transformou em formiga e trouxe uma grande quantidade deles - os suficientes para encher um saco - que vieram a ser plantados e constituíram o primeiro campo de milho.
Quetzalcoatl também contribuiu para a criação ia bebida tóxica feita da piteira, o pulque, pois achou que havia de dar prazer ao mundo. Mas numa estranha ironia, a bebida alcoólica que só lhes deveria dar prazer também foi a sua destruição.
Ascensão e Queda
Devido às muitas contribuições e conquistas conseguidas por Quetzalcoatl ele tornou-se a divindade mais popular dos Astecas, que deixava o irmão Tezcatlipoca extremamente ciumento, pelo que começou a conspirar com Tlazolteotl, a perversa deusa do desejo da intoxicação, para se livrarem dele. Ele preparou uma bebida especial para Quetzalcoatl e para a irmã e eles ficaram ambos bêbados, mas tão bêbados que acabaram dormindo juntos, Tezcatlipoca e Tlazolteotl contaram a todos os outros deuses o que tinha acontecido. Quetzalcoatl ficou tão mortificado com o que tinha feito que partiu para leste numa jangada feita de serpentes, tendo prometido que um dia voltaria para seu povo. Finalmente, os outros deuses compreenderam que Quetzalcoatl tinha caído numa armadilha, mas já era tarde - ele tinha partido.
Existia a profecia de que Quetzalcoatl teria que que voltar no ano Ce-Acatl, ou 1519 no calendário cristão.
Viria a suceder ser esse o ano em que Hernán Cortês chegou ao México. Como este era uma presença tão impositiva, muitos dos Asteca pensaram que era Quetzalcoatl, e devido a esta estranha coincidência, foi fácil aos Espanhóis conquistarem os Mexicanos.
Uma outra versão da lenda de Quetzalcoatl refere que ele ateou fogo a si mesmo numa pira fúnebre e que as suas cinzas se elevaram nos céus, na forma de aves raras e coloridas que viriam depois a ser o planeta Vénus.
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