Sigurd - O Herói Que Derrotou Fafnir
- M Galasky
- 3 de dez. de 2021
- 3 min de leitura

Sigurd é o principal herói da saga dos Volsungos, escrita na Islândia possivelmente entre 1270 e 1275. Na Canção dos Nibelungoos da Alemanha do século XIII, é chamado Siegfried, nome com que figura também na tetralogia operística O Anel dos Nibelungs de Richard Wagner (O Ouro do Reno, As Valquírias, Siegfried, Crepúsculo dos Deuses), composta entre 1852 e 1874. Para Wagner, o nome "Siegfried" significaria "o que se alegra na vitória".
Os Võlsungs seriam um clã de guerreiros, descendentes do deus Odin. Um dos deuses supremos dos povos nórdicos, Odin - ou Wotan, para os alemães - aparece em diversas tradições escandinavas e anglo-saxãs como progenitor de famílias reais. Intervém com freqüência na Saga dos Võlsungs, em momentos cruciais, disfarçado de modo a parecer um mortal comum. Numa das vezes, é acompanhado pelos deuses Hoenir e Loki. Este último, associado ao fogo, desempenha o papel que os folcloristas chamam de "trickster" (tratante); com seus ardis, obtém o ouro maldito, destinado a passar pelas mãos de diversos personagens, inclusive Sigurd, para a desgraça de cada um.
Antes do nascimento de Sigurd, seu futuro pai, Sigmund, encontra espetada em uma árvore a espada Gram (Balmung na Canção dos Nibelungos e Nothung em Wagner), presente deixado por Odin. Mas, durante um combate, a espada se parte contra a lança do deus. Este decidira que era chegada a hora de sua morte, mas permite que a espada seja depois refundida para uso do filho prestes a nascer. Os dois motivos - o da espada que só o herói pode retirar de onde está cravada e o da espada partida e rejuntada - aparecem também na literatura arturiana, o primeiro ligado à espada Excalibur do rei Artur e o segundo a uma espada mencionada em várias versões das narrativas sobre o Graal.
A primeira missão que Sigurd se impõe é vingar o pai e os demais familiares, mortos pelos guerreiros do clã de Hunding. É a conduta que se espera de qualquer membro de um clã nas sagas germânicas. Só depois de cumprir esse dever, Sigurd empreende sua primeira grande façanha: conquistar o ouro fabuloso, nesse momento guardado por um dragão. O grande tesouro, não menos do que a vitória sobre o dragão, faz dele o mais promissor dos heróis, admirado e invejado pelos homens e cobiçado como consorte pela mulheres. E o sangue do dragão lhe confere poderes especiais: sua pele se torna invulnerável, salvo em um único ponto, e ele passa a entender o que os pássaros dizem quando cantam.
Conforme o conselho de um pássaro, vai ao encontro de Brynhild, adormecida em sono mágico no topo de um monte. Na ópera, Wagner faz dela, com o nome Brünnhilde, a filha predileta de Wotan (Odin), a quem ela servia como a principal dentre as Valquírias - seres femininos que traziam os mortos em combate à morada dos deuses, o Walhall, onde passavam a gozar de uma existência prazerosa, dedicada a lutas e festas. Na Saga dos Võlsungs, Brynhild transmite sabedoria a Sigurd, e o marca com runas (caracteres de escrita) protetoras. Maravilham-se um com o outro e se ligam por juramento. Nosso relato sobre a vida de Sigurd, que segue de perto a saga nórdica, termina com essa cena alegre.
O final, em todas as versões, não seria nada feliz. O destino de Sigurd era morrer jovem, e o aviso de Brynhild já lhe antecipava de onde viria o perigo: "- Todavia, presta atenção ao que te digo agora: não deves permitir que o ódio da família de tua mulher recaia sobre ti." Sigurd atravessa uma barreira de fogo para ajudar o rei Gunnar a vencer a resistência de Brynhild, que então aceita o rei como esposo. Sigurd casa-se com a irmã do rei e acaba traído e morto por um parente dela.
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