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Tyr - O Deus da Justiça


Tyr era o deus nórdico da guerra. A palavra inglesa "tuesday" ("terça-feira") remete à sua encarnação anterior como o deus germânico da guerra, Tiw ou Tiwaz. Na mitologia nórdica, é eclipsado em importância por Odin, cujas valquírias (que escolhiam quem morreria em combate) entravam na batalha para conceder vitória ou derrota. Tyr era um deus da guerra e um filho de Odin, mas ele estava principalmente associado com lei, justiça e juramento de juramentos. Seu conto mais conhecido diz respeito à ligação do lobo Fenrir, um dos filhos de Loki. Enquanto Fenrir envelhecia, tornou-se mais feroz e grande, que começou a se preocupar com deuses e deusas. Eles o mantiveram como um guarda para Asgard, mas eles logo perceberam que teriam que prendê-lo. Eles foram para os anões que forjaram uma corrente que não poderia ser quebrada, mas Fenrir sabia que algo estava errado. Ele concordou em permitir que os deuses colocassem a corrente ao redor dele se um deles colocasse seu braço em suas mandíbulas para fins de seguro. Só Tyr era corajoso o suficiente para se aproximar do lobo e colocar o braço na boca, sabendo que perderia o braço uma vez que Fenrir descobriu que não conseguia escapar da corrente. Fenrir apertou o braço de Tyr, deixando Tyr apenas com a mão esquerda, mas o conhecimento de que ele fez o sacrifício pela segurança de Asgard foi suficiente.

Em um ponto, Loki insultou Tyr dizendo que ele só poderia incitar o conflito e nunca resolver. Isso aponta para que Tyr seja um deus da guerra além de se preocupar com a lei e a justiça. No entanto, Tyr também foi visto como o jurista sempre prudente que pesava as coisas de forma justa e concedeu a justiça de forma adequada.

Tyr é profetizado para matar e ser morto por Garm, o cão de guarda de Hel durante Rangarök. É também durante Rangarök que Fenrir finalmente é libertado, engolindo Odin inteiro e cumprindo a profecia de sua morte.


Os mitos e cultos de Tiwaz, predecessor de Tyr, são muito antigos, sendo oriundos dos povos indo-europeus, depois adotados e adaptados pelos povos escandinavos e teutônicos e perdendo aos poucos sua relevância, ao serem substituídos pelos herdeiros das suas qualidades - Odin e Thor. Os nomes Tei e Ziu têm como origem a palavra indo-europeia djevs, sinónimo de "céu" ou "luz", que também originou o latino dieus e o grego Zeus e a raiz ass ou oss nas línguas protogermânicas, equivalentes a "deus". Teiwaz, portanto, representava o deus celeste associado ao poder solar e à luz do dia, transformado depois em deus da guerra, conforme comprovam as inscrições da palavra teiwa em elmos e espadas.

Supõe-se que Tiw era a versão germânica do "Pai Celeste" indo-europeu, cuja posição de chefe dos deuses foi usurpada por Wodan. No entanto, ele não foi equiparado pelos romanos com Júpiter ou Zeus, mas considerado Mars Thingsus, o dirigente divino das assembleias Thing, que estabeleciam as leis, mas também solucionavam as disputas. Teiwaz era cultuado como deus protetor das leis, dos contratos, da ordem, bem como regente da guerra. O dia da semana a ele dedicado era terça-feira, chamado em latim dies Martis (dia de Marte), traduzido como Dienstag e Tuesday.

Apesar de reger as batalhas, Teiwaz não tinha um aspecto sanguinário e era invocado nos duelos oficiais, aos quais se atribuíam os augúrios divinos, que definiam os culpados (nos litígios interpessoais) ou os vencedores (na véspera das batalhas, quando lutavam entre si os representantes das duas tribos).Tiw era tão importante para os saxões quanto Odin era para os nórdicos; apesar da semelhança estabelecida pelos romanos com Marte,Tiw era o Pai Celeste, enquanto Marte era patrono dos soldados e incentivador das disputas. As modificações posteriores do seu arquétipo exaltaram as qualidades guerreiras e introduziram os sacrifícios sangrentos, para que assim Tiw concedesse a vitória nos combates. Ele foi transformado em um deus sedento de sangue, a quem se ofertavam as cabeças dos inimigos vencidos.

O sucessor de Tiwaz, Tyr, também era invocado para conceder coragem, vitória e justiça. Era em seu nome que se faziam os juramentos solenes sobre a espada, que não podiam ser quebrados sob risco de punição divina. A vida dos guerreiros dependia das suas armas e jurar sobre elas, era a prova máxima da sinceridade e fé.

Os juramentos tinham um papel importante na sociedade nórdica, para criar e manter os elos em um grupo ou clã, pois eles entrelaçavam os destinos individuais e grupais. O juramento era visto como uma afirmação, cuja essência e implicações eram colocadas na fonte de Urdh, tornando-se parte integrante do orlog e do domínio das Nornas. Assumir e honrar os compromissos, bem como cumprir os juramentos feitos, eram meios ancestrais, poderosos e arcaicos, para que os homens se alinhassem com o fluxo do wyrd e atraíssem a sorte e a proteção divina.

Supõe-se que Tyw teria sido o deus celeste a quem foi dedicado o Pilar Sagrado saxão - hminsul, correspondente à Arvore do Mundo, no nível cósmico e aos pilares de sustentação das casas, no plano humano. Tanto Irminsul quanto Yggdrasil representam o eixo central do Universo, que sustenta e conecta todos os níveis e mundos. Esse atributo é mostrado na forma da runa Tiwaz, representando a flecha do deus ou o pilar celeste. No verbete dessa runa, no poema anglo-saxão, Tyr é descrito como uma estrela-guia, que jamais falhava na condução dos marinheiros e viajantes. Seus lugares sagrados eram no topo das montanhas, próximo ao céu.

Principalmente no Período Viking, o deus Tyr era invocado para garantir a vitória no combate, decidida antes de começar a luta pelo duelo ritualístico holmgang, em que se confrontavam os chefes guerreiros dos dois exércitos. Seu culto foi eclipsado com o passar do tempo pelos de Odin e Thor e pouco se sabe da sua real origem, apenas que era o deus regente dos assuntos legais, sua lança sendo o emblema da autoridade jurídica, por ele ser o padroeiro das assembleias Thing. Era um deus corajoso e justo, nobre e prudente, cujas características ligadas aos planetas eram mais próximas de Mercúrio, do que das de Marte que lhe foram atribuídas, principalmente pela influência da cultura romana e o seu culto aos deuses guerreiros.

Tyr era honrado como exemplo de integridade e auto sacrifício para o bem comum, sendo invocado para auxiliar nas decisões, processos e disputas e no cumprimento dos juramentos e promessas, devendo ser reverenciado por todos aqueles que lidavam com leis e o cumprimento das decisões judiciais. Seus símbolos eram a mão ou a luva, a estrela, a cor vermelha, a runa Tiwaz (ou uma flecha) e o pilar.

Tyr era descrito como um homem alto e forte, com cabelos louros ou grisalhos trançados, olhos azuis acinzentados; ele usava uma malha metálica e um manto vermelho, um elmo com chifres, botas de pele de lobo, uma corda com nós em lugar de cinto e a espada gravada com a runa Tiwaz. As vezes usava um tapa-olho de couro preto, por também faltar-lhe um olho, além da mão.

Filho da deusa Nerthus, consorte de uma desconhecida deusa dos grãos, Ziza (ou Kornmutter da Alemanha), Tyr era conhecido também como Tuisco, pai de Ingvio, Irmio e Istvio, os progenitores das três tribos germânicas primordiais, ancestrais de todas as outras e que deram origem às castas. Como deus celeste, Tyr era associado a várias estrelas, principalmente a Sirius, cujo nome em persa arcaico era tir e significava "flecha" e à Estrela Polar, descrita como Tyr e honrada como guia dos navegadores nórdicos. Nesse contexto, a runa Tiwaz a ele atribuída e que representa a flecha que aponta o caminho, confirma a associação de Tyr com céu e luz .

Supõe-se que Saxnot (seu nome derivado de Sax, espada), a divindade suprema dos saxões, em cuja honra eram feitos sacrifícios humanos e oferendas com as espadas dos guerreiros vencidos, tenha sido o equivalente de Tiwaz. Ele era representado pela imagem da espada e para honrá-lo, eram feitas danças com espadas, o chefe dos guerreiros sendo erguido no final pela união de todas as espadas.



Fontes: Templo de Apolo, FAUR,Mirella.O princípio masculino. Os deuses e seus mitos.in:__________.Ragnarok:O crepúsculo dos deuses.São Paulo/SP:Cultrix,2011.Cap. 4.p.155-159
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